Como seres criativos que somos, creio que criar ou produzir é algo que faz muito bem à nossa saúde, principalmente mental.
Eu conheço muito pouco de arteterapia, mas sei que trabalhar com arte faz o maior bem à minha cabeça. E, pelo que dizem meus alunos, ajuda a eles também.
Além de ocupar o tempo com algo diferente e esquecer dos problemas, a arte também nos ajuda a desacelerar e a focar em algo novo. Passamos a olhar as coisas de outro modo.
E seja para nos expressarmos, dar vazão a nossos sentimentos ou apenas como hobby, criar algo nos dá um senso de grande satisfação.
Há pessoas que dizem não ser criativas. Na verdade, creio que todo mundo é criativo, só que nem todos se dedicam à arte. Há pessoas criativas em todas as áreas. Não foi criativo quem inventou o carro? Olha só que invenção fantástica! E a máquina de lavar, então? Devia receber um Oscar.
Existe uma crença de que nem todos somos criativos. Há pessoas que acreditam que as ideias são como os acidentes: só acontecem com os outros.
Essa crença de que nem todo mundo é criativo é limitante, nos impede de começar, invalida as ideias que temos, que podem ser ótimas, mas que não colocamos em prática porque acreditamos que não são boas.
Quando falo em criatividade, estou falando não somente da concepção de ideias, mas do fato de criar algo de fato. Criativos criam.
Ideias são importantes, mas acredito que somente nos sentimos realizados quando essas ideias resultam em algo ‘concreto’. “Concreto” no sentido de ‘realizado’.
Portanto, não vejo criativos somente como aqueles que têm ideias, mas também aqueles que as executam.
Uma outra barreira à criatividade é o perfeccionismo. Às vezes, ao começar um projeto artístico ou de ilustração, ou até durante o processo, algo não fica do jeito que esperávamos. E aí desistimos ou ficamos com um sentimento de frustração só porque algum exato detalhe não ficou como esperávamos.
Algo que pode ser feito para melhorar isso é deixar o trabalho de lado e retornar depois. Com novo ânimo, podemos retomar o processo e dar continuidade. A arte não precisa ficar perfeita.
A aquarela, por exemplo, às vezes tem “vida própria” e nos surpreende. Imprevistos como esse podem ser ruins. Mas também vir a trazer muita satisfação ao ver o resultado final.
Outra coisa que prejudica nossa criatividade é aguardar a inspiração chegar para começar. Adiar o início de um trabalho pode nos paralisar.
Às vezes, começando algo, logo em seguida a inspiração já vem. Tendo alguma ideia no papel, outras podem surgir. Durante o processo, o que vai acontecendo vai gerando novas ideia.
Um estratégia para evitar o medo do papel em branco é pingar umas gotas de tinta no papel. Isso tira o medo do papel em branco e parede que o trabalho já está iniciado. O receio de começar acaba imediatamente.
Outra barreira que impede a criatividade é justificar nossa procrastinação devido a motivos externos.
"Não tenho material, não tenho tempo, não faço porque preciso cuidar dos filhos, minha familia acha bobagem me dedicar a isso, não me incentiva ou não aprova, etc".
Responsabilizar os outros é algo que pode até nos dar uma “consolação”. Mas o fato é que, quem quer, dá um jeito. Quem não quer, dá uma desculpa.
O que quero dizer é que tudo é uma questão de prioridade.
Muita gente diz que não tem tempo, mas na verdade tem tempo para ficar nas redes sociais ou navegando pela internet.
Ou diz que tem os filhos que não permitem. Mas por que não incluir os filhos na arte?
Ou a culpa é falta de dinheiro. Mas, às vezes, não queremos deixar de comer aquela pizza toda semana, ou o happy hour de sexta feria, ou o cafezinho de todo dia.
Porque damos prioridade ao que está em nosso coração. E onde colocamos o dinheiro, lá está a nossa prioridade. Vejo muita gente deixando o tempo passar e não realizando sonhos porque não visualiza o resultado a longo prazo.
Outra barreira é a falta de foco. Vemos tantas técnicas, materiais, tipos de arte, que às vezes nos sentimos aquém do que está por aí.
Existem muitos tipos de arte e milhões de pessoas que fazem algum desses tipos. Mas a verdade é que não precisamos fazer tudo que existe nem saber sobre tudo.
Eu foco em ilustração infantil e me dedico a isso.
Mas há muitos tipos de ilustração.
E dentro da ilustração infantil, existem vários estilos e várias técnicas.
E eu me dedico a ilustração com técnicas tradicionais, não digitais.
E existem muitas técnicas tradicionais, e embora eu conheça outras, eu me dedico à ilustração com tinta acrílica.
Quanta informação num nicho que parece tão pequeno.
O excesso de informação é bom, porque pode nos levar a ser ainda mais criativos, uma vez que uma coisa liga à outra e assim novas ideias – e produtos – vão surgindo. Ao mesmo tempo, esse excesso de informação sem foco pode nos distrair de nossos objetivos, deixando-nos sem saber que caminho seguir e, por fim, acabamos sem fazer nada, paralisados diante de tantas opções.
Igual quando você entra no ônibus, está vazio e você não sabe em que lugar sentar. :-)
E, ao ter um objetivo, é recomendável começar devagar, estudar, praticar, seguir um percurso, começar do fácil e ir aumentado a complexidade aos poucos.
Quando estamos no bloqueio criativo, pequenos passos executados nos deixam mais motivados e com sentimento de realização.
Há uma frase, atribuída a Van Gogh, que diz:
Grandes coisas são feitas de pequenas coisas combinadas.
Por isso, mesmo que comece pequeno, comece.
Ao começar algo, o ser humano tem tendência a querer finalizar. Por isso, fica muito mais fácil dando o primeiro passo – ou derramando as primeiras gotas de tinta. :-)
E por fim, mas não menos importante, há o medo que temos de que alguém não goste das nossas ideias ou criações.
Há uma frase que sempre me lembro quando tenho medo:
O medo não impede a morte. Impede a vida.
Portanto, não tenha medo de ser criativo. Coloque suas ideias no papel, literalmente. Produza suas criações.
Se tiver que ter medo, tenha medo de chegar ao fim de sua vida e não ter realizado os seus sonhos.
Agora que terminou, pegue um pedaço de papel, desenhe e crie!
Um ilustrado e criativo final de semana!
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