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Foto do escritor Ingrid Osternack

Como entrar no mercado de trabalho



Essa semana, recebi mais uma mensagem me perguntando sobre como começar no mercado de ilustração. E achei que seria interessante compartilhar aqui o que respondi.


Acho que não tem um caminho preciso, mas uma série de aspectos que podem ajudar você a começar.


Na minha opinião, o que faz a gente entrar no mercado de ilustração é unir preparo + oportunidade.


Eu sei que já falei isso outras vezes e que parece que estou tentando vender uma ideia. Mas não se trata disso. É a pura verdade. Em qualquer área, temos que nos preparar e temos que ter uma oportunidade para mostrar nossos talentos.


Não adianta aparecer a oportunidade de fazer algo, se não estamos preparados. Quantas pessoas desenham, mas não tem materiais, não tem técnica, desconhecem o processo... e não terão como agarrar a chance se não sabem como desempenhar o trabalho?

Por outro lado, também não adianta a gente ter materiais, conhecimento e técnica, e as oportunidades não aparecerem.


Mas como é que alguém pode garantir que as oportunidades surgirão?


Tem uma frase, atribuída a Picasso, que diz que a inspiração existe, mas tem que te encontrar trabalhando.


Pois vou dizer algo similar: as oportunidades aparecem, mas muitas vezes só nos damos conta quando estamos trabalhando.


É fato que às vezes nem notamos que uma oportunidade apareceu, porque nosso foco não está no trabalho de ilustração.


E as oportunidades também aparecem mais quando as pessoas sabem que você ilustra.


Muita gente me escreve falando que perdeu a oportunidade. Alguns até tinham técnica, mas não sabiam como fazer o livro, como falar com o cliente, se deviam ou não fazer um contrato, e muito menos o que ia nesse contrato.


Eu também dou consultoria, e dias atrás uma pessoa me perguntou como agir quando abordada por um cliente. Reconheço que é muito difícil a situação se você não sabe como agir e não tem a quem perguntar.


Antes do meu primeiro livro, fui chamada por um estúdio de música para fazer ilustrações para uma cartilha. Quando fui na reunião, a pessoa responsável gostou do meu trabalho, mas quando ela perguntou sobre valores e condições, eu fiquei muda e não soube dizer nada. Perguntei quanto ela pagava para fazer as ilustrações e ela disse que eu tinha que dizer.


Veja só minha inexperiência. Foi ridículo, na verdade. Totalmente amadora. Eu não sabia nem o valor do meu trabalho. Não chutei nem um valor. E eles, percebendo a minha inexperiência, ficaram com medo de me contratar.


Isso passou e eu ficava fazendo ilustrações esporadicamente, mantendo um blog na internet, esperando que alguém me chamasse.


Mas aconteceu que, bastante tempo depois, fui indicada como ilustradora para um autor. Ele pediu para eu entrar em contato, e aí mandei um email com ilustrações minhas para ele ver.


Ele gostou e reenviou para o editor. Foi aí que surgiu a primeira oportunidade.


Como eu já tinha perdido uma, comecei a estudar tudo o que podia sobre ilustrações, valores, mercado, etc... Não tinha tanta informação no Brasil, então busquei aprender e me aperfeiçoar com informações no exterior.


Assim, dessa vez tinha um pouco mais de ideia do que fazer e do que não fazer, afinal, às vezes a falta de informação, omissão ou a ausência de uma resposta prejudica mais do que fazer/dizer algo errado.


Porém, surgiu a oportunidade e agarrei, mesmo não sabendo tudo. Confesso que me deu um medo grande de, por ser meu primeiro trabalho, a editora não querer dar continuidade caso eu fosse perguntar alguma coisa.


Na verdade, o editor e eu discutimos bastante por email. Eles não me conheciam e o contrato que tinham feito não atendia a tudo que eu acreditava ser bom para mim, como ilustradora.


Nós trocamos muitos e-mails, argumentamos por muitos dias. Os valores e a negociação foram demorados. Eu tinha receio de perder meu primeiro trabalho antes mesmo de começar, por ser considerada muito chata. Rsrs!


Mas eu queria começar com o pé direito. Não queria fazer um trabalho que não fosse valorizado. Eu consultei uma amiga que era ilustradora em outro estado e ela me deu algumas dicas. Ter alguém com experiência ao seu lado, para quem perguntar, fez muita diferença nas minhas negociações.


Enfim, deu tudo certo e consegui não somente um trabalho, mas seis! O editor me pediu para fazer 6 livros de uma só vez.


E, enquanto fazia os 3 primeiros, ele já pediu para fazer mais um, que acabou sendo o primeiro a ser lançado.


E esse primeiro livro foi o passaporte para minha entrada no mercado. Tudo mudou depois dessa primeira publicação. Não somente o meu pensamento a respeito da área, mas mudou diante de outras pessoas também. Eu passei a fazer parte dos chamados ‘profissionais do livro’ e era tratada como tal.


E é por isso que, hoje em dia, eu faço essa Vivência com a publicação.


Nela, eu coloquei tudo o que precisei saber para poder iniciar. Há mais coisas que podemos aprender? Certamente, pois ilustração de livros infantis é uma área riquíssima em conteúdo. E cada dia mais desenvolvida.


A Vivência engloba o desenho, os materiais, as técnicas, os fundamentos teóricos de uma boa ilustração, ensina a fazer o processo do livro, direitos autorais, contrato, como entregar para o cliente... E, no fim, o resultado é concreto: os alunos publicam uma ilustração e recebem 20 exemplares com ela.


Isso é como uma chave, que abre a porta do mundo da ilustração para você.


O livro é feito de modo coletivo porque é mais barato. Para fazer um livro, custa muito caro, sobretudo para quem está sozinho. Mas fazendo em grupo, sai mais barato, os alunos já aprendem com a experiência, participam de uma comunidade – são os meus ilustres - e já tem uma ilustração num livro profissional, registrado na CBL, com ficha catalográfica e ISBN.


Para quem não conhece o processo, pode até parecer caro. Mas fazer um livro profissional envolve muita gente - às vezes, mais de 50 pessoas, e todos têm que ser remunerados.


Com a publicação da ilustração, os alunos passam a ter uma ilustração que tem peso no portfólio.


Vários alunos têm tido desdobramentos maravilhosos: participações em feiras literárias, noites de autógrafo, contrato com editoras e uma até ganhou um prêmio com o primeiro livro dela. Ela já tinha participado de 3 Vivências antes, aprendendo o que precisava para poder ilustrar um livro profissionalmente.


Essa foi a minha experiência no mercado e é por isso que eu faço assim. Certamente, há ilustradores que têm outro percurso. Porém, todos têm algo em comum: todos dão passos em direção ao seu sonho.


Mas desse modo, funcionou muito bem para mim e creio que, com esforço e persistência, muitos de meus alunos podem conseguir ir além.


Às vezes, só o que alguém precisa é de um empurrãozinho.


Como diz o Buzz: ao infinito e além!


Para finalizar, quero contar que O livro “Nem Cá e Nem Lá”, que ilustrei para a escritora Letícia Carvalho, lançado na semana passada no XIII Congresso do Mercosul de Direito de Família e Sucessões, ganhou o prêmio Zeno Veloso, de Soluções Jurídicas Inovadoras, pois o livro trata de direito de família, porém, voltado ao bem estar da criança.


Fiquei muito feliz com essa notícia! Veja uma das ilustrações abaixo e um ilustrado final de semana!


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