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Foto do escritor Ingrid Osternack

Como ilustrar e publicar seu livro infantil

Uma das perguntas que mais recebo é essa que você leu aí no título. Eu já abordei esse tema antes, mas como as postagens vão ficando lá embaixo, resolvi republicar o artigo sobre o assunto. Vamos lá!





COMO ILUSTRAR E PRODUZIR UM LIVRO INFANTIL


Tenho observado que muitas pessoas desejam ilustrar seu próprio livro. É uma tendência no momento e, mesmo que uma pessoa não deseje seguir a carreira de ilustrador, ela tem esse desejo de expressar sua arte, seja na escrita quanto na ilustração.


Por isso, vou falar aqui sobre algumas coisas que são importantes para você poder ilustrar seu próprio texto.


A primeira coisa, desculpe citar o óbvio, é que você tenha uma história ou até mesmo um poema. Algumas pessoas já me disseram que tem vontade de publicar um livro, mas ainda não tem um texto. Por isso, a primeira coisa a se fazer é focar na escrita.


Tendo o texto já escrito, é necessário analisar o que o mesmo diz e o que se sugere nas entrelinhas. Também é interessante que a ilustração complemente a história. Vou exemplicar:


Há uma história do Rolo (Turma da Mônica) em que ele pede o carro a seu pai para sair com uma ‘mina’. Na historinha, o pai diz ao Rolo que nunca pediu o carro ao pai dele (mas no balão de pensamento ele está pedindo o ‘carango’), nunca chamou o pai de ‘velho’ (mas em pensamento ele chama o pai de ‘coroa’), ele ri que o Rolo chama a namorada de ‘mina’ (em seu pensamento o pai dele – avô do Rolo – também ri quando ele – o pai do Rolo – chama a namorada de ‘broto’)… e assim por diante. Esse ‘conflito de gerações’ é tratado de forma cômica e graciosa. Esse é um exemplo fantástico de como a ilustração é essencial para que se entenda a história.


Uma vez que o texto já esteja pronto e revisado ortográfica e gramaticalmente, devemos definir o formato, dimensões e quantas páginas o livro terá. Isso tudo depende muito do tamanho do texto, da quantidade de palavras e de quantas ilustrações serão feitas. No caso de uma editora, tudo isso pode já vir pré-determinado. Mas no caso de um livro de produção própria, você que terá que tomar essa decisão. Uma vez que determinou número de páginas e formato (quadrado, retangular, 25×25, 21×18, etc), você pode partir para o storyboard. Veja um exemplo de storyboard nas fotos.


Se você não tiver ideia das dimensões e número de páginas, duas coisas podem lhe ajudar a definir: um orçamento com uma gráfica pode determinar o tamanho do livro, porque quanto maior o formato e maior número de páginas, mais caro. Fazer o storyboard pode lhe ajudar também, pois vendo como as páginas vão ficar com as ilustrações e o texto lhe dará uma panorâmica do resultado. Se o texto estiver apertado ou houver muitas áreas em branco, o storyboard lhe dá a oportunidade de reposicionar o que não ficou do seu agrado.


Após o storyboard, é hora de começar os "roughs", ou esboços em preto e branco, também chamados de rafes. Aí você começa a fazer os desenhos de cada página. Pode ser que tenha que fazer e refazer várias vezes. É assim mesmo.


Finalizados os esboços, é hora de partir para as ilustrações originais. Cada técnica pede um tipo de papel. Quanto mais ‘molhada’ a tinta, maior a gramatura do papel. Você pode também finalizar com lápis de cor, aquarela, acrílico, colagem, nanquim, e até mesmo um misto de técnicas. Ou pode digitalizar e colorir no computador. Eu utilizo tinta acrílica, faço colagens, dou acabamento com lápis de cor…


Para o livro ficar completo, é necessário fazer as capas, a folha de rosto, a ficha catalográfica, o miolo – que é a parte onde ficam o texto e as ilustrações. São opcionais a biografia do autor e ilustrador, como também a dedicatória.


Após todas as ilustrações estarem prontas, é preciso digitalizar. Como eu tenho scanner em casa, eu mesma faço isso. Se você não tiver um scanner ou não souber como fazer, é possível também terceirizar esse trabalho. Peça à empresa de digitalização que lhe entregue as imagens em jpg de 300dpi, no mínimo.


Embora existam produções autorais sem o ISBN, eu aconselho a solicitá-lo na Câmara Brasileira do Livro. O ISBN ou International Standard Book Number é um sistema que identifica numericamente (código de barras) os livros segundo título, autor, editora e país. Isso facilita sua comercialização nacional e internacionalmente. E há lojas que não vendem o seu livro se não tiver ISBN.


Sobre a Ficha Catalográfica, uma bibliotecária está habilitada a fazê-lo, ou você pode pedir junto ao ISBN, o que possibilitará que seu livro seja catalogado nas Bibliotecas.


Para preparar o livro para a gráfica, é preciso um software específico. Muitos ilustradores montam no Indesign e até no Illustrator. Eu gosto do Photoshop e do Corel. Depende do que você está mais acostumado a usar. Se você não tem esses softwares, será importante contratar alguém habilitado a fazer esse trabalho. Aí você monta o arquivo, insere o texto e ‘fecha’ o arquivo para envio para a gráfica. Geralmente a gráfica faz um ‘livro’ (prova) e pede a sua aprovação antes de produzir todos os exemplares.


Depois disso, é só aguardar ficar pronto e curtir a sua obra!

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