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Foto do escritor Ingrid Osternack

Curso de Ilustrações Infantis em Sármede – Itália



No dia 18 de abril parti de Curitiba para a Itália para realizar mais um sonho e chegar à cidade das fábulas, ou melhor, ‘paese della fiaba’, a cidade de Sármede. O meu objetivo: participar de um curso de aperfeiçoamento em ilustrações infantis promovido pela Fondazione Mostra Internazionale d’Illustrazione per l’Infanzia Stepan Zavrel.

Cheguei no dia 19, na quinta feira à noite. Já neste dia tive a oportunidade de, ao ir jantar na pizzaria da cidade (a única, uma vez que a cidade é bem pequena), encontrar reunido o conselho da Fondazione. Entre eles, o presidente da Mostra, Leo Pizzol, que já conhecia desde 2005, quando fiz meu primeiro curso em Sármede com a ilustradora Alessandra Cimatoribus. Tive a oportunidade de jantar com eles e conhecer outros membros do conselho, dentre eles Wanda Dal Cin, os quais me receberam como membro de uma família. Depois do jantar, Leo Pizzol me guiou até o lugar onde eu iria ficar, o bed&breakfast Cà Mattonà, um lugar excelente, onde fui muito bem recebida. Recomendo!


No dia 20 fui à Fondazione para realizar o pagamento do curso. Tive 15% de desconto por ser associada da AEILIJ. Fomos muito bem recebidos pela Giulia Bortot, que nos ajudou em tudo e se colocou à disposição para o que mais precisássemos.


Também adquiri material de pintura em uma loja da cidade. A cidade de Sármede é pequena, com cerca de 3 mil habitantes, não tem nenhum hotel, nem restaurante, nem supermercado,  mas a loja de pintura tinha muita variedade e artigos de primeira linha.


O primeiro dia do curso foi num sábado. Neste dia, o professor explicou o desenvolvimento do curso e conversou com o grupo. Ficou muito impressionado pelo fato de ter uma brasileira e uma coreana no curso. Havia também duas russas. Logo depois pediu que apresentássemos as nossas ilustrações. Éramos em 19 pessoas, a maioria jovens estudantes que já haviam feito curso com ele, muitos com um futuro profissional promissor. Eu diria que eram ‘bravissimi’. A cada um de nós, Junakovic’ teceu considerações, e não o fez de forma generalista, mas orientou cada aluno de forma individualizada, focando no que ele considerava que poderia ser melhorado. Sob seu ponto de vista, a ilustração deve ser como uma pintura. Claro que isso diverge do que dizem muitos outros ilustradores-professores, mas como ele mesmo ressaltou a uma das alunas: cada ilustrador ensina a sua técnica. E é por causa dessa diversidade que o universo das ilustrações infantis se torna tão interessante!


Depois disso ele nos apresentou seu programa de curso: nos três primeiros dias, fazer um storyboard e uma ilustração sobre a Arca de Noé. E nos dois últimos, focar na ilustração sobre a Rússica, temática da 30ª mostra (2012).


A respeito do storyboard da Arca de Noé, éramos livres para criar, adaptar e até mesmo mudar a história, se assim o desejássemos. Como eu era uma das poucas com livros publicados, Junakovic’ me pediu para explicar aos outros alunos como era o meu processo de trabalho, desde o recebimento do texto, a elaboração dos roughs para aprovação da editora até a finalização das ilustrações. No final deste dia assistimos a um filme de animação.


No segundo dia do curso (22 de abril), domingo, pela manhã, continuamos a trabalhar com o storyboard da Arca de Noé. Durante o dia, o professor caminhava pela sala e falava várias vezes com cada aluno, orientando cada um no seu estilo.


Depois do almoço, ele nos mostrou sua técnica, realizando em pouco tempo uma ilustração belíssima. Fez tudo muito rápido, mas foi o suficiente para mudar as nossas vidas profissionais! Enquanto desenhava e pintava, fez comentários relevantes sobre a técnica empregada. Também nos mostrou alguns livros seus e comentou sobre a execução de algumas ilustrações.


Prosseguimos então com a finalização do storyboard e a escolha de uma ilustração para sua realização. O storyboard proposto  por Junakovic’ consistia em planejar de 3 a 7 ilustrações, no máximo. Fiz 5. Como eu havia acabado de ilustrar um livro todo (32p) sobre Noé, resolvi fazer algo bem diferente do que tinha feito. Escolhi a imagem que mais me interessava e pus mãos à obra.


Terminanos a ilustração de Noé no terceiro dia, 23 de abril. Neste dia fomos almoçar com o professor.


No quarto dia, 24 de abril, começamos a ler os textos com a histórias sobre a Rússia.  Escolhi o texto ‘Mosca cega com o urso’: conta a história de um homem que casou novamente e que tinha uma filha maltratada pela madrasta – você já ouviu isso antes?  A madrasta se aborrece com a filha dele – ela também tinha uma filha do primeiro casamento – e pede ao marido que a leve para viver numa gruta, onde há um urso e um camundongo…  Havia outros textos, alguns bem curtos e outros muito longos, todos plenos de possibilidades ilustrativas…


O ambiente de estudo e criação era dos melhores, o professor super acessível a todos os questionamentos e tamanha foi a interação entre os alunos, que algumas alunas vieram me pedir para explicar a minha técnica pictórica, o que foi muito gratificante para mim.

Neste dia, tivemos um jantar de confraternização com todo o grupo e o conselho da Fondazione no restaurante ‘da Nazareno’. Obviamente a comida estava ótima.


No quinto e último dia, 25 de abril, terminei a minha ilustração sobre a Rússia  e voltei à Arca de Noé. O grupo era bastante unido, com uma variedade impressionante de estilos! A diversidade foi muito enriquecedora para cada um de nós!


Como eu já havia morado nesta região, acabei ficando mais alguns dias lá para visitar os amigos. Também tivemos, nestes dias, a oportunidade de ir jantar (eu e minha família) com Leo Pizzol e sua filha, Giulia. Neste restaurante, ‘Da Doro’, havia vários afrescos realizados por Stepan Zavrel.


No dia 1º de maio, feriado, também fomos convidados para uma festa particular na casa de Stepan Zavrel, que ocorre todos os anos como uma forma de manter viva a tradição das festas que ele mesma fazia. Nesta festa, estavam ainda outras pessoas que formavam o grupo inicial da Fondazione, isto é, os seus fundadores. Posso dizer que participar desta festa foi realmente um privilégio, pois a casa parece que saiu de um conto de fadas. É um lugar misterioso, cheio de afrescos nas paredes.  Valeu a pena atravessar o oceano para entrar nesta ‘fábula’! Foram dias muito prazerosos e de grande desenvolvimento profissional, que vou recordar com bastante saudade! Não somente pelo curso em si, mas também pela troca de experiências! Certamente voltarei para mais um curso no futuro.

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