Ao ver uma ilustração, ou um livro, um produto... as pessoas nem sempre sabem o trabalho que tem por trás de cada ilustração.
Para ser ilustrador, como já mencionei antes, não basta somente desenhar. Desenhar é apenas um dos requisitos necessários para ser ilustrador. Eu diria que o trabalho do ilustrador tem muitas facetas e, como geralmente trabalhamos por conta própria, podemos escolher o que desejamos fazer com nossa arte. Trabalhando há mais de 15 anos como ilustradora, descobri algumas maneiras de rentabilizar a minha arte. Algumas tomam mais tempo, outras menos. Eu não consigo dar a mesma atenção a todas, mas vou dar 7 exemplos do que mais faço para rentabilizar minhas ilustrações: 1. Como ilustradora, o meu foco principal são os livros infantis. Embora receba pedidos de orçamentos para outros nichos, eu avalio sempre se devo aceitar, pois quando digo sim a algo, estou dizendo não a muitas outras coisas. Isso porque o nosso tempo é limitado, e caso eu aceite algo só pela renda, posso ter que recusar algo muito mais interessante uma semana depois, e às vezes até por um valor melhor. Além de receber pelas ilustrações, você também pode vender seus exemplares. Hoje em dia, há vários marketplaces onde você coloca seu livro à venda e paga uma comissão quando são vendidos. Eu confesso que não tenho feito isso, pois meu foco é na ilustração e projetos com meus alunos. Mas vários colegas de profissão o fazem e tem sido uma fonte de renda alternativa para eles. 2. Workshops – frequentemente sou convidada para workshops, tanto em eventos quanto em escolas. Alguns são gratuitos e outros a pagamento. Quando a instituição que me contata não pode arcar com o custo de meu workshop, eu costumo combinar que comprem livros meus para a biblioteca. Como eu sempre recebo livros cortesia da editora, não é raro ter alguns em estoque. Além disso, a escola é beneficiada com livros novos. Com a pandemia, isso diminuiu bastante, mas ainda assim recebo pedidos, até mesmo para oficinas online.
Algo que acontece às vezes é que a instituição queira que a gente faça o workshop gratuitamente.
E, na verdade, existem profissionais que o fazem sem cobrar nada. Porém, na minha opinião, devemos pensar que o tempo que estamos dedicando para qualquer atividade gratuita é um tempo que estamos deixando de fazer algo remunerado. O problema disso é que acabo ocupando o meu tempo e deixando de ilustrar, que é o meu ganha-pão.
Entretanto, não podemos ser totalmente focados só no que vamos ganhar, e às vezes faço workshops nesse esquema de comprarem meus livros, pois é uma maneira de aumentarem o acervo literário e fazer com que os alunos tenham acesso à história e às ilustrações, enriquecendo a própria cultura deles. Mas há pessoas que acreditam que o ilustrador já tem satisfação pelo seu trabalho e nem deveria cobrar. Acreditam que já deveríamos estar satisfeitos em ter um trabalho em que só ficamos 'desenhando' o dia todo. De fato, é verdade. Sou muito feliz e agradecida pela minha profissão – mas isso não quer dizer que eu deva fazer workshops e ilustrações de graça. Infelizmente, não existe ainda ninguém que aceite ‘satisfação’ como pagamento. As empresas de energia elétrica, água e internet só recebem em reais, e nós, ilustradores, também precisamos deles para pagar nossas contas. Ninguém vai à padaria, pede pães e paga com elogios.
No entanto, devemos avaliar também se alguma oficina sem remuneração não nos trará outros benefícios, como por exemplo, levar cultura a uma escola de alguma comunidade carente. Não temos como prever o futuro, mas podemos mudar a vida de algumas crianças somente com um trabalho voluntário. Outro fato que devo ressaltar é que não chegamos à profissão de ilustrador sem esforço. Foram anos de estudo (eu, por exemplo, fiz 4 anos de graduação na Accademia di Belle Arti di Venezia), cursos de aperfeiçoamento em ilustração (Itália), curso de Ilustração para Livros pela UAL - University of Arts of London, curso de escrita criativa para textos curtos (Suécia), além de muito estudo por mim mesma, sempre me atualizando... sem falar nas centenas de livros que já li sobre a minha área, que também são um investimento. 3. Ilustrações para produtos – tanto produzidos por você como por terceiros: eu vendo canecas, camisetas, quebra cabeças, livros, etc... e sempre estou pensando em criar novos produtos. Eu forneço esses produtos para lojas e todo mês são fonte de uma renda extra, graças às ilustrações que faço.
A desvantagem disso é ter que produzir, ou mandar fazer, ter estoque, embalagem, entrega, notas fiscais...
É, sim, um negócio lucrativo, mas que toma bastante do meu tempo. Eu tenho que gerenciar meus estoques, ver se tenho os produtos para os meses futuros, mandar produzir a tempo de entregar para as lojas, providenciar embalagem, fazer a entrega, e emitir Notas Fiscais que, confesso, são uma parte burocrática que eu não curto.
Para vender desse modo, é preciso que um ilustrador seja pessoa jurídica. 4. Produção do Livro Infantil - Uma área em que atuo e que não costuma ser realizada por ilustradores é a produção do livro infantil, desde o manuscrito, até o livro publicado.
Aprendi não só a fazer o livro de cabo a rabo, mas também fui me desenvolvendo na área de produtos. Nem tudo posso fazer sozinha, mas busquei parceiros que me auxiliam nas partes que não tenho tempo, os recursos necessários ou até mesmo o conhecimento para fazer. Terceirizar algumas áreas lhe dá condições de priorizar o que você faz de melhor. 5. Uma outra coisa que faço de vez em quando são ilustrações personalizadas para aniversários e time lapses para serem apresentados durante a festa. Entretanto, fazia isso mais no início. Hoje, com a demanda de trabalho maior do que consigo realizar, não tenho mais aceitado encomendas.
Já produzi ilustrações também para tatuagens, o que me deixou muito realizada, pois é uma sensação incrível alguém ter uma ilustração sua no próprio corpo.
6. Painéis, murais e cenografias - Já trabalhei em alguns projetos de cenografia, pintando murais e painéis que foram usados em peças e musicais. São projetos que dão muita satisfação, pois trabalhamos em grupo, todo mundo com muita energia, com um objetivo em comum. Todo aquele frenesi deixa a gente animada, pois tem gente ensaiando, gente tocando, e já tive que pintar à luz de celular, pois enquanto pintava um mural, havia um evento acontecendo também.
7. Licenciamento de suas ilustrações
Esse tipo de venda é, na minha opinião, a melhor coisa que já fiz pela minha carreira. Eu vendo produtos em lojas online, nacionais e internacionais.
Todo mês, embora eu não faça nada, eu recebo royalties de algum produto que foi vendido com uma ilustração minha.
Há uns 3 ou 4 anos, eu produzir ilustrações para algumas lojas e atualmente só colho os frutos do que produzi. Não é maravilhoso?
Não é fantástico você trabalhar uma só vez, ou seja, produzir uma ilustração em determinado momento, e mês após mês, você receber royalties - em dólares! - pelo que produziu no passado?
É uma grande satisfação receber royalties referentes a ilustrações que produzi e licenciei há anos.
Às vezes os valores são altos, às vezes nem tanto, mas aí é que entra aquela ‘satisfação’ que mencionei acima: além dos royalties, a satisfação em saber que alguém em outro país escolheu a sua ilustração no meio de milhões de outras, e que pagou por isso.
Isso sim que é satisfação, pois mostra que o que você cria tem valor. :-)
Além desses, sempre aparece alguma outra coisa. No momento, estou com alguns projetos de livros, mas gostaria de poder trabalhar mais com produtos, pois é um prazer grande ver alguém com algum objeto com uma ilustração sua. Você gostaria de saber mais sobre isso? Eu preparei um curso que ensina tudinho que você precisa saber para vender dessa forma.
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